Vou-vos contar uma história de gatinhos, porque a minha irmã gosta muito de gatos.
A minha avó tem uma casa grande no campo, lá pertinho passa um ribeiro com água muito limpa. Gosto muito deste sítio porque há lá rãs, passarinhos e muitas flores.
Numa tarde eu e a minha irmã Vi, como eu lhe chamo, tínhamos ido brincar para o rio, levámos o lanche e tudo o que precisávamos para brincar. Quando de repente um gato nos roubou o lanche. Naquele momento eu fiquei furioso. A minha irmã quis apanhá-lo e quase caía no rio.
- Vai-te embora desaparece gato malandro.
- Não é um gato - gritei eu. – É uma gata e tem gatinhos na barriga.
- Ah! Como é que sabes mano?
Fiquei preocupado. Tentai acalmá-la, dando-lhe um pouco mais do nosso lanche.
- Vamos deixá-la sossegada.
Já não tínhamos fome e estava muito calor, brincámos com a água do rio.
Ali perto há uma cabana. É lá que a avó guarda as ferramentas.
É um óptimo sítio para nos limparmos.
Quando entrámos na cabana, tivemos uma surpresa.
A gatinha tinha entrado ali para ter os seus gatinhos, eram só dois e estavam em cima de uma velha cadeira.
Não podíamos deixá-los trancados na cabana, nem deixá-los sem abrigo. Eram tão pequeninos…
- E se os levássemos para casa? Perguntou-me a minha irmã.
- Que ideia! Os pais não nos iam deixar.
- Eles precisam de uma casinha.
- Está aqui um caixote deve servir.
- Pomos lá um cobertor, para os gatinhos não terem frio.
- Vão ficar muito quentinhos.
Nessa noite choveu muito, acordei assustado, até faltou a luz. Se o vento virar a caixa.
No dia seguinte pedi à minha mãe para nos levar a casa da avó. Quando chegamos, eu e a minha irmã fomos a correr até à cabana.
- Upa! Os gatinhos estavam bem.
Umas semanas depois, os gatinhos tinham crescido, tínhamos de lhe pôr um nome, a mana escolhe Bolinha e Pluminha. O Bolinha era um grande comilão. O Pluma era um gato muito tímido e muito leve. A minha irmã gostava muito de lhe fazer festinhas e de lhe dar colo.
Eu quis agarrá-lo, mas o Pluminha saltou como uma mola.
- Não cuidado! Vais cair o rio.
Quanto mais gritávamos, mais ele fugia.
- Vamos tentar apanhá-lo.
No outro lado do rio, o Pluminha subiu a uma árvore. Lá em cima, o pobre gatinho tremia de medo e não queria descer.
Fomos a correr buscar a escada que estava perto da cabana.
O gatinho miava, miava, miava.
Eu subi a árvore. Mas ele estava muito alto. O vento fazia balançar os ramos. Eu estava com medo de cair da árvore.
A minha irmã gritava.
- Só mais um bocadinho! Já estás muito perto…
Agarrei-o, o seu coração batia com força.
Trouxe-o para baixo, com cuidado, estava a salvo. Fiz-lhe festinhas para o acalmar.
Voltámos no outro dia, a mãe dos gatinhos estava zangada, rejeitou o Bolinha e o Pluminha, estava grávida outra vez.
O que vai acontecer a estes pobres gatinhos. Vamos levá-los para casa da avó, podem ficar na arrecadação, por uns tempos, a avó não se vai importar.
Voltámos a casa da avó. Dias depois fomos à arrecadação, onde tínhamos deixado o Pluma e o Bolinha mas eles não estavam lá. Fomos procurá-los por todo lado e no rio, nos campos de milho mas não os encontrámos.
Apareceu um trator na estrada e perguntámos por eles ao senhor.
- Os dois gatinhos? Claro que os vi. Andavam a correr pelo meio do milho. Quase que os esmaguei com o trator. Corriam perigo, de andarem por ali sozinhos.
Falámos com a avó, para os levar lá para casa, assim ficavam em segurança.
A avó acabou por aceitar, ficamos tão felizes, porque assim podíamos ver os gatinhos sempre.
O Pluma e o Bolinha tinham uma nova casa, brincavam felizes pelo sofá onde também dormiam uma soneca.
Ficámos tão contentes.